Malandro | Sem Culpa
Na performance intitulada "Malandro | Sem Culpa", proponho a construção de uma linha contínua e curva, peça por peça. Esse fio narrativo é tecido a partir de uma coleção de pequenos objetos, recolhidos ao longo de caminhadas, visitas a fábricas ou em residências abandonadas. Cada material carrega uma narrativa singular, que acredito, de forma autobiográfica, ter uma urgência intrínseca na sua coleta e preservação.
Vejo essa construção como uma incursão silenciosa pelos esquecidos e marginalizados, uma espécie de coro coletivo que dá voz ao que foi relegado ao limbo, ao que merece ser ouvido. Há, aqui, um certo manifesto: como se o valor não monetário conquistasse acesso a um espaço do qual é geralmente excluído, mas que, em grupo, impõe A sua entrada e permanência.
"Malandro | Sem Culpa" visa, além disso, evocar uma permanência que renuncia ao trabalho em favor do brincar. Contudo, o brincar aqui não se configura como algo pueril, risível ou aleatório. Ao contrário, é uma reivindicação de um estado de atenção contínuo, processual e labiríntico, que não se preocupa com a produtividade, mas sim com a manifestação de afeto e amor.
Projeto criado para a Bienal de Cerveira 2024, sob o tema 'És Livre,' com curadoria de Mafalda Santos;